terça-feira, 29 de abril de 2014

Punk, punk, violento - Londres e o fotógrafo Derek Ridgers

O jornal The Guardian duvida que alguém tenha um arquivo fotográfico mais vasto do que o inglês Derek Ridgers quando o assunto é o registro dos personagens da cidade de Londres. Com uma câmera na mão, desde a década de 70, o jornalista registrou skinheads, punks, pós-punks, novos românticos, góticos, ravers e qualquer um que tivesse um estilo híbrido. 

Parte desse material está reunido no livro 78-87 London Youth, que está sendo lançado agora (à venda na Amazon por US$ 35,26). O resultado é rico e as imagens, décadas depois, ainda tem muita força. Londres sempre foi a capital mais pulsante da Europa - exportando modas e movimentos para o resto do mundo. Foi nesse ambiente efervescente que o fotógrafo dedicou noites e noites a percorrer bares, casas noturnas e ruas para capturar o comportamento dos jovens, suas roupas, suas tatuagens e seu jeito de viver.

Lembro que na época da minha faculdade, em meados da década de 80, Londres sempre foi uma cidade-desejo. Éramos fascinados pela música, pelas roupas, pela atmosfera. Ainda hoje, ainda a considero uma dos lugares mais heterodoxos da face da terra. Olhar para essas fotografias me fez lembrar que a juventude é sempre muito criativa, livre, espontânea. E assim deveríamos permanecer para sempre.


Se quiser conhecer o trabalho de Derek Ridgers, aqui
Se quiser comprar o livro 78-87 London Youth, aqui 



Skinhead com tatuagem de flor no rosto

Coturnos e símbolos 

O corte de cabelo moicano marcou época e ficou

Juventude transviada?

Aos poucos, o punk foi dando lugar à estética decadente dos novos românticos

A moda retrô nasce em Londres, assim como as manifestações de gênero

As mulheres também se manifestavam com tatuagens e novos cortes de cabelo


Jovens na década de 80 também inventavam novos cortes de cabelo e roupas

Estilo híbrido que mistura punk com romantismo

A cena noturna de Londres: uma das mais interessantes do mundo
O fotógrafo Derek Ridgers

A capa do livro à venda na Amazon

quinta-feira, 17 de abril de 2014

Quando Paris Alucina - Les amies de Place Blanche

Originalmente publicado em 1983 e reeditado em 2014, o livro Les Amies de Place Blanche é um retrato em preto e branco da vida da comunidade transexual que vivia nos arredores de Paris, nos anos 50 e 60.

As fotografias foram tiradas pelo sueco Christer Strömholm (1918-2002), um dos mais importantes representantes da fotografia documental do pós-guerra. Suas imagens cruas, sujas e realistas são tão poderosas que mesmo quase seis décadas depois de terem sido feitas, continuam frescas e intrigantes. 

Os personagens são maravilhosos. Em situações de trabalho ou intimidade, gostei mesmo foi da maquiagem e das roupas, do styling inspirada em musas do cinema francês e italiano e das referências à nouvelle vague. Esse livro deve ser fonte de inspiração constante para qualquer pessoa que se interesse pelo comportamento humano. 


Se deseja comprar o livro, aqui  
Se deseja conhecer outros trabalhos do fotógrafo Christer Strömholm, aqui

Acima, o sueco Christer Strömholm em atividade e abaixo, com seus personagens do submundo de Paris da década de 50 e 60 


Cabelos e maquiagem inspirados nas grandes musas do cinema francês e italiano. Abaixo, o fotógrafo trabalhando


Retratos crus e contundentes


O sueco também capturou os transexuais trabalhando

Fotografias que contam muitas histórias e documentam um modo de vida 

Fotos: Christer Strömholm



sexta-feira, 4 de abril de 2014

Bill Cunningham, o senhor moda de rua

Bill Cunningham em seu local de trabalho:  as ruas de Nova York (às vezes, Paris)
Um dos fotógrafos mais poderosos do mundo, Bill Cunningham, dono de duas colunas no jornal The New York Times, fez fama ao documentar o modo de vida de Nova York, e mais do que tudo, as roupas que desfilaram pelas ruas daquela cidade por quase 50 anos. Há alguns anos, o site do jornal também exibe um vídeo em que ele comenta os looks.

Desinteressado pelos "cabides de grifes", ou seja, editoras de moda que são pagas para vestir roupas na porta de desfiles, ou pessoas sem quase nenhuma originalidade, Cunningham busca a foto que não é óbvia, às vezes até sem foco, e adora quando chove na cidade, assim ele consegue capturar quando as pessoas pulam sobre poças ou sobre o gelo. 

Tamanha relevância, entretanto, não o transformou em uma celebridade. Até bem pouco tempo, morava em um pequeno apartamento no prédio do Carnegie Hall, entulhado com arquivos de metal recheados de negativos. Depois, se mudou para outro apartamento com vista para o Central Park e pediu para o senhorio tirar a cozinha para que pudessem caber mais arquivos. Ele não tem guarda-roupa: suas peças se restringem a casacos azuis descartáveis que ele compra em loja de artigos chineses e calças de estilo militar.

Para mostrar um pouco como é o cotidiano do fotográfo, ele se deixou registrar, depois de muita insistência, pelos cineastas Richard Press e Philip Gefter. O resultado é o documentário Bill Cunnigham New York, lançado em 2011, que mostra como é o trabalho dele, e por consequência, como funciona o mundo da moda.

Aos 85 anos, ele continua indo para a "pauta" de bicicleta, usa filme na câmera fotográfica e pacientemente, espera pela melhor foto nas esquinas da cidade. O documentário mostra como ele vive apenas para o trabalho, do qual se orgulha muito, e como é reverenciado pelas pessoas que fotografa.

Anna Wintour, editora de moda da revista Vogue americana, é dona de uma das melhores frases do documentário. "Nós nos vestimos para Bill", diz ela, fã assumida. O filme está disponível para download no iTunes, aqui.  

Seu material de trabalho: uma câmera e uma bicicleta

Reverenciado pelo grand monde, nessa foto é saudado por Iris Apfel, socialite americana que ele ajudou a transformar em referência e símbolo de elegância

Com Anna Wintour, editora da Vogue Americana
Anna Dello Russo, editora da Vogue Japão, "perseguida" por Cunningham 

No laboratório ele analisa o fruto de seu trabalho
Cunningham nunca abandona a bicicleta, que já teve roubada 29 vezes

Antes de ser fotógrafo, Cunningham vendia chapéus que ele confeccionava
Na rua com os personagens que nem sempre são "cabides de grifes"
Sua coluna semanal no The New York Times mostra as tendências de moda da rua. Abaixo, trailer do documentário Bill Cunningham New York, que o acompanha em Nova York e Paris, mostrando o seu trabalho e seus fãs